É consenso que os drives que impulsionam o mundo hoje em termos de qualidade e eficiência são inovação e invenções. Aquela velha história de que os mais antigos são os melhores e mais fortes já não é mais 100% verdade.

Se antes uma empresa durava anos e até décadas, hoje elas nascem, crescem e desaparecem cada vez mais rápido. Estamos cercados por novos negócios, modelos e produtos disruptivos. E a grande maioria deles vem de empresas com rápido crescimento e ascensão, as startups. Que aparecem e somem quase que na velocidade da luz.

E para possibilitar o seu crescimento, elas têm o apoio de investidores anjo e dos chamados venture capitalists. Através de recursos financeiros, mentorias e conexões, esses ajudam a alavancar os negócios.

Só que isso não vem de graça: Em troca os investidores têm direito a participação no negócio, de forma que, quando ele atingir tamanho suficiente em faturamento, retorno de capital e clientes, é vendido a um private equity ou realizará IPO. Dessa forma o investidor receberá o retorno do seu investimento.

INDÚSTRIA HOLLYHOOD OU MERCADO FINANCEIRO?


Cena do filme A rede Social representando empreendedores

Essa indústria, grande responsável pelo crescimento econômico e por tecnologias que a cada dia tem mais importância em nossas vidas é também bastante romantizada. Tem aqueles que acham que a indústria é o que Hollywood mostra, que é como nos filmes de Steve Jobs e A Rede Social de Mark Zuckenberg: uma garagem, uma ideia e milhões em valor de mercado.


Cena do filme A grande Aposta representando o mercado financeiro

E outros que vêem como um mercado financeiro menor e segmentado em tecnologia. Independente de como você enxerga, é preciso ter atenção ao que está acontecendo no mercado, principalmente em terras latino americanas.

LAVCA

Segundo relatório disponibilizado pela LAVCA (Associação para Private Capital na América Latina), o investimento de risco na América Latina mais que dobrou (em dólares) todos os anos de 2016 a 2019, e só não deve atingir o mesmo crescimento em 2020 por conta da pandemia que atinge o mundo.

Gráfico do investimento em Venture Capital na America Latina

MERCADO DE VENTURE CAPITAL NO BRASIL

Quando falamos nesse mercado em termos de Brasil, o país representa cerca de 50,5% dos Deals realizados no ano de 2019 na região e 10 dos 14 maiores cheques foram direcionados para empresas Brasileiras. Nosso país é responsável pelo primeiro unicórnio do ano, a plataforma prop-tech Loft. E apesar do susto causado em todos por conta do coronavírus, que levou a mudanças drásticas, o mercado continua movimentado.

Mapa que mostra o tamanho dos mercados na América Latina

É verdade que o Brasil também se beneficia de sua geografia, pois, além de ser o maior país da região, o que lhe da grande vantagem em números absolutos, ele já lidera o mercado latino-americano e isso atrai cada vez mais dinheiro. Para se ter uma ideia, o crescimento dos fundos locais do Brasil, a taxa de juros baixa e as reformas políticas do governo brasileiro (reforma previdenciária e regulatória), bem como a crescente maturidade do ecossistema corporativo, aumentam as expectativas sobre o mercado e isso atrai cada vez mais investimentos.

O MAIOR NÚMERO DE EXIT’S DA AMÉRICA LATINA

O Brasil também tem se tornado o mercado mais ativo em termos de EXIT, movimentando US$ 4,8 bilhões (47 saídas). Sendo que o mercado Latino Americano inteiro de EXIT totalizou US$ 6,5 bilhões em 82 parcial ou total desinvestimentos. Podemos considerar esse um domínio no melhor ano desde 2011 e o segundo melhor ano geral das estimativas da LAVCA.

Os números mostram que o ecossistema nunca esteve tão vivo. De acordo com A Associação Brasileira de Startups (ABStartups), temos +13 mil distribuídas em mais de 600 cidades, sendo São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro os estados com mais representantes.

Ecossistema Brasileiro de Startups

Ao todo, o Brasil já conta com 14 startups unicórnios, sendo elas:

Arco Educação, Ebanx, Loft, PagSeguro, 99, Quinto Andar, NuBank, Loggi, Stone Pagamentos, Movile,Wildlife Studios,  Ifood, Vtex e Gympass

E o número pode crescer ainda mais.

ASCENÇÃO DO MERCADO BRASILEIRO

Camila Farani, Presidente da Boutique de Investimentos G2Capital e Investidora.

Todos esse números são provas da ascensão do mercado brasileiro de Venture Capital, que nunca esteve tão aquecido. Segundo a Presidente da G2Capital Camila Farani, os primeiros meses do anos são positivos em termos de investimentos.

“Mesmo com todas as dificuldades que o país vem enfrentando, o mercado de venture capital nacional segue aquecido. Inclusive, está indo na contramão das economias do mundo, que apresentaram quedas importantes nesses primeiros meses do ano.” Comenta Camila.

Ainda segundo ela, mesmo com todos os problemas que uma pandemia traz, é inevitável que alguns setores acabem se beneficiando.

“Essa dinâmica que acontece nos mercados em momentos de crise é muito interessante, e a pesquisa da Bain & Co mostra bem como isso acontece. Alguns setores – alimentação, produtos de limpeza e ensino a distância – experimentam picos logo no começo da crise, mas depois têm uma tendência a estabilizar. Do outro lado, alguns setores podem sofrer mais no início desse ciclo, mas em um curto espaço de tempo têm suas demandas retornando aos níveis considerados normais.” Diz Farani.

APESAR DA CRISE

A ideia que alguns setores podem crescer com a crise não é vista somente em termos de planejamento de negócios. Ela também direciona investimentos em venture capital. A atenção de grandes investidores se voltarão para tecnologia e negócios com maior flexibilidade. De forma que facilite a migração do físico para online.

As inovações que eram gradativas no setor online, foram aceleradas. Se empresas como Spotify, Uber e Airbnb surgiram na crise de 2008/2009, podemos imaginar que oportunidades estão surgindo. Devemos ficar atentos aos possíveis gigantes que estão nascendo e vão nascer dado o atual panorama.